Ana Flávia Marçal e Amanda Garbelotti
As células do nosso corpo são envoltas por um espaço chamado interstício. Nesse espaço acontecem as trocas de água e substâncias nutritivas (que o sangue deposita) com as sobras do metabolismo das células. Uma das principais funções do sistema linfático é retirar o excesso de liquido e as sobras do metabolismo celular levando-as ao sangue para serem devidamente filtradas e excretadas. O resultado é a formação da linfa, que é um líquido translúcido e viscoso parecido com o plasma sanguíneo.
O fluxo da linfa é lento e depende de alguns fatores como: gravidade, movimentos passivos, massagem ou contração muscular, pulsação das artérias próximas aos vasos, peristaltismo (movimentação) visceral e os movimentos respiratórios.
Quando se acumula mais líquido que o sistema linfático transporta tem-se um edema. A drenagem linfática auxilia na desobstrução e facilita o transporte da linfa diminuindo o edema.
Outras funções beneficiadas com a melhora do fluxo linfático: produção de linfócitos (células de defesa especializadas), absorção de nutrientes pelo trato intestinal e distribuição de hormônios.
Influências indiretas:
- Aumento da circulação sanguínea e linfática;
- Estimulo da contração da musculatura lisa dos vasos linfáticos;
- Melhora da absorção intestinal;
- Relaxamento das fibras musculares esqueléticas;
- Melhora da oxigenação e nutrição celular;
- Alivio da dor;
- Diminuição da probabilidade de fibrose e a consequente formação de nódulos sobre a pele;
- Melhora da circulação local;
- Eliminação de resíduos metabólicos
Como é feita a drenagem?
A drenagem linfática começa com a desobstrução dos gânglios linfáticos. Ela é feita, com movimentos leves e circulares ou de mata borrão, até o esvaziamento deles para o melhor fluxo da linfa.
A captação da linfa é feita por movimentos circulares ou pressão da região proximal para distal. Para o transporte da linfa realiza-se um deslizamento de distal para proximal.
Por que fazer a drenagem linfática?
A atuação da fisioterapia é fundamentada em conceitos científicos e previne o aparecimento de possíveis intercorrências como: regiões com hipoestesias (diminuição da sensibilidade), aderências teciduais, edema e formação de fibrose subcutânea.
Para uma cicatrização mais eficiente o metabolismo local aumenta sendo necessária uma melhor irrigação sanguínea e linfática.
A drenagem linfática dói?
Não. A dor e o tato passam pelo mesmo local na coluna. Com o estimulo das células sensoriais táteis, a transmissão dos impulsos dolorosos é diminuída.
Quantas sessões de Drenagem Linfática são necessárias?
Não existe um numero final de sessões. A velocidade de obtenção dos benefícios sofre variação por inúmeros fatores, entre eles: situação pré-operatória, procedimento cirúrgico, idade, tabagismo, diabetes, espessura da pele, frequência de sessões. A partir da primeira sessão já é possível ver os benefícios do tratamento.
O que mais posso fazer para melhorar o resultado da minha cirurgia?
-
Hidratação da pele
A ingestão de água não é substituída pela utilização de cremes aplicados sobre a pele.
O ressecamento da pele se deve à perda da película protetora externa, formada pela gordura produzida nas glândulas sebáceas e água (procedente em grande parte do suor). Essa película tende a diminuir, mas pode ser reposta através de produtos de uso tópico que tenham as seguintes características:
- Hidratação: devolve a umidade da pele.
- Emoliência: suaviza, reduz o endurecimento da pele, melhora a suavidade ao tato, aumenta a elasticidade e o aspecto aveludado.
- Oclusão: forma uma fina película sobre a pele, isolando-a dos fatores nocivos externos, evitando também a perda excessiva de água; é composto por princípios que não penetram na pele.
- O uso correto do umectante adequado permite reconstituir transitoriamente a barreira cutânea e manter os níveis de hidratação, diminuindo o ressecamento da pele e a possibilidade de fenômenos de irritação e sensibilização.
-
Treinamento sensitivo
Sabemos que a sensibilidade de mama após reconstrução retorna parcialmente e em alguns casos não retorna. Avaliações sensitivas encontraram retorno da sensibilidade entre um mês e três anos de pós-operatório. O objetivo da reeducação sensorial é reaprender a interpretar o estímulo sensitivo pois reflete diretamente na aceitação subjetiva da mudança corporal e na prevenção de danos devido à insensibilidade.
-
Massagem Terapêutica
Durante o período pós-cirúrgico há tensão muscular, alteração postural e dor. A massagem terapêutica proporciona efeitos circulatórios, neuromusculares e metabólicos aliados aos efeitos da drenagem linfática.
-
Começar a fisioterapia imediatamente após a liberação do médico
As técnicas específicas devem ser empregadas precocemente na fase inflamatória, suprindo as demandas metabólicas do tecido, evitando que na fase de remodelamento tecidual ocorram intercorrências como aderências e alterações de cicatrização.
Exercícios
A anestesia e alguns procedimentos cirúrgicos diminuem discretamente a capacidade respiratória no pós-operatório imediato. Um pré-operatório que inclua exercícios físicos e respiratórios minimiza esse efeito melhorando a captação de oxigênio para uma nutrição celular mais completa. O exercício físico também melhora o tônus muscular, a circulação sanguínea e linfática e diminui a ansiedade, entre outros benefícios, desde que bem monitorado. O retorno precoce às atividades físicas autorizadas pelo médico previne também a formação de trombos.